Navega Saberes

"O Programa Navega Saberes Infocentro busca estimular a integração da comunidade universitária com outras instituições, em busca de proposições para a melhoria da qualidade de vida local e nacional, e favorecer práticas extensionistas supervisionadas e interdisciplinares que priorizam a intervenção de estudantes na aplicação de conhecimentos na realidade social."


Título: 

Matemática Inclusiva: O uso de tecnologia assistiva no ensino de Geometria para alunos surdos

Subunidade Acadêmica: 

Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologia

Grande Área: 

Ciências Exatas e da Terra

Área Temática Principal: Tecnologia e Produção

Local de Execução: Abaetetuba 

Abrangência: Interinstitucional

Área: Urbana

Palavras-chave: 

Matemática; Inclusão; Ensino; Geometria.

Resumo:

 A Extensão Universitária dispõe de atividades de caráter social e humanista, que objetiva possibiltar aos docentes e discentes de cursos de graduação trocas de experiências além de seus muros, promovendo intercâmbio de conhecimento e melhoria na formação e atuação dos profissionais envolvidos. Nesta perspectiva, o presente projeto de extensão visa contribuir com a discussão de políticas púbicas de inclusão e ensino para alunos surdos nas escolas de Educação Básica do município de Abaetetuba/PA, bem como desenvolver práticas pedagógicas aliadas ao uso de tecnologias assistivas que se destinam à formação continuada dos professores de Matemática da rede educacional pública no que tange ao ensino de Geometria no contexto da inclusão, difundindo para a comunidade em geral uma visão da Matemática como instrumento de cidadania, inserção social e acessibilidade.

Justificativa:

Nas últimas décadas, as discussões acerca da inclusão no contexto educacional e o modo que a mesma pode ser aplicada vem ganhando grande destaque em pesquisas científicas, revistas e nas mídias de forma geral. Entretanto, será que a inclusão está sendo realmente desempenhada nas instituições de ensino público? Desde 1994, com a assinatura da Declaração de Salamanca, diretrizes mundiais são estabelecidas para garantir às pessoas portadoras de deficiência o acesso à educação, interação social e meios que possibilite o seu desenvolvimento. Em 2015, com a aprovação da Lei de n° 13.146, o Brasil instituiu o Estatuto da Pessoa com Deficiência, com o objetivo de assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais para a pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social, desenvolvimento educacional e cidadania. No que se refere à educação no ensino superior, a Lei 13.409/2016 obriga o poder público a garantir às pessoas portadoras de deficiência a participação na política de cotas de modo a assegurar o acesso à educação superior e à educação profissional permitindo seu ingresso e a segurança de seus direitos no local de educação de ensino superior. Com a implementação destas regulamentações mencionadas, cresceu exponencialmente o número de alunos portadores de necessidades especiais em diferentes níveis de ensino, tornando imprescindível mudanças nas ações pedagógicas utilizadas pelo docente e profissional especializado na perspectiva da inclusão. No que tange às instituições de ensino, se faz necessário a democratização dos espaços e suas práticas nas mesmas, permitindo o acolhimento e a interação de novos grupos sociais. No que se refere aos profissionais (professores e apoio técnico) como o Profissional de Apoio Escolar-PAE que atuam diretamente com este público em todos os níveis de ensino, necessitam desempenhar um novo olhar sobre os processos de ensinar e aprender com o uso de novos meios tecnológicos assistivos. Para tanto, é essencial que instituições de ensino disponham de estrutura física e pedagógica para viabilizar o processo de ensinoaprendizagem, possibilitando reflexões da prática docente para lidar com alunos com necessidades educativas especiais. Segundo Gessinger, Lima e Borges (2010), é necessário mudanças nos cursos de formação inicial, bem como a criação e a manutenção de espaços permanentes de formação continuada dentro da própria escola que difundam sobre a inclusão e apontam ainda a importância de se inserir temas como a educação inclusiva e questões relacionadas à heterogeneidade nas discussões escolares, nos cursos de formação continuada, comunidade ao redor dos muros da universidade e nos cursos de formação para que assim possamos buscar por uma educação mais justa praticando a equidade em diferentes contextos de atuação e de qualidade para todos os alunos. Diante disso, o projeto “Matemática Inclusiva: O uso de tecnologia assistiva no ensino de Geometria para alunos surdos” baseia-se na construção de estratégias de ensino na perspectiva da inclusão voltada ao uso de programas, sites e plataformas digitais que viabilizem a criação de material didático para o ensino de Geometria a alunos surdos das escolas públicas do município de Abaetetuba-PA, a fim de contribuir efetivamente com os professores de Matemática, intérpretes da Língua de Sinais, PAE (Profissional de Apoio Escolar) e professores do AEE (Atendimento Educacional Especializado). É importante destacar a importância de projetos desta natureza na formação acadêmica dos discentes do Curso de Licenciatura em Matemática do Campus de Abaetetuba/PA, evidenciada no Projeto Político Pedagógico do Curso (PPC), aprovado pela Resolução CONSEPE n° 5.088/2018 de 03 de outubro de 2018, o qual possui disciplinas voltadas à inclusão, entre elas, Laboratório de Matemática I, cuja ementa se destina ao desenvolvimento e aquisição de práticas pedagógicas direcionadas a educação inclusiva, preparando o discente da graduação para o exercício da docência.

Objetivo:

1. 1. Fomentar práticas docentes na perspectiva da Educação Inclusiva e do ensino de Geometria por meio de tecnologias assistivas, possibilitando formação continuada aos professores de Matemática das escolas públicas do munícipio de Abaetetuba/PA. 

2. Entender como se dá a apropriação do processo do conhecimento matemático e desenvolver estratégias de ensino com o uso da tecnologia assistiva para o ensino de Geometria aos alunos surdos; 

3. Promover formação teórico-prática no que tange às temáticas relacionadas à Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva dos alunos surdos; 

4. Estreitar as relações entre a instituição e as escolas públicas da cidade, de modo a permitir a troca de experiências entre os acadêmicos e docentes do curso de Licenciatura em Matemática com os alunos e professores das escolas publicas do municipio de Abaetetuba, buscando a melhoria do ensino e constituindo um espaço de divulgação e de implantação de uma cultura de base científica e extensionista; 

5. Criar um diálogo entre os saberes acadêmicos e as necessidades da realidade comunitária da Educação Básica no que se refere à inclusão de alunos surdos, visando o ingresso do mesmo de maneira adequada. 

6. Realizar a interação entre escola, Universidade e a família dos alunos surdos envolvidos com objetivo de fortalecer relações e proporcionar uma maior aplicabilidade do conteúdo ministrado. 

7. Apresentar os resultados do projeto em eventos, revistas e artigos.

Metas:

 Meta 1: Produção de material didático audiovisual para oficinas/palestras a serem oferecidas aos alunos e professores das escolas públicas da região. Prazo: Até o final do projeto oferecer, no mínimo, 02 materiais didáticos (sinalário digital e vídeos). 

Meta 2: Oferta de oficinas/palestras para divulgação do acervo digital a partir do uso de tecnologia assistiva adequada ao desenvolvimento de práticas pedagógicas para o ensino de Geometria a alunos surdos; Prazo: Até o final do projeto, produzir, no mínimo, e 02 oficinas/palestras. 

Meta 3: Diálogo sobre as ações acadêmicas e a prática docente em relação a educação inclusiva, na universidade e na Educação Básica; Prazo: Até o final do projeto, atingir, no mínimo, 30 pessoas entre alunos surdos, professores de escolas públicas, interpretes, professores do AEE e discentes da instituição. 

Meta 4: Incentivar projetos embrionários para criação de um Laboratório de Matemática Inclusiva no Campus de Abaetetuba, além de fortalecer a relação universidade-escola de forma que o tripé ensino, pesquisa e extensão, no qual a Universidade Federal do Pará se fundamenta, possa trazer contribuições na formação docente dos alunos do curso. Prazo: Até o final do projeto, atingir, no mínimo, 02 escolas em Abaetetuba e 10 discentes do curso de Matemática. 

Meta 5: Identificar as dificuldades encontradas pelos professores em realizar a aplicação da Educação Inclusiva no ensino de Matemática e fornecer meios para que este seja superado. Prazo: Até o final do projeto, atingir, no mínimo, 10 professores da área de Matemática do ensino fundamental e ensino médio do município de Abaetetuba/PA. 

Meta 6: Elaboração de artigos científicos para divulgação em encontros, seminários locais, regionais e nacionais para difundir à comunidade acadêmica uma visão do uso da matemática na relação entre o ensino de Geometria e a educação inclusiva. Prazo: Até o final do projeto participar, no mínimo, de 01 evento para divulgação das atividades e resultados e 01 artigo cientifico.

Metodologia:

O projeto será executado, ao longo do ano, por meio de etapas pré-estabelecidas. Em cada etapa, o projeto tem o intuito de contribuir para a melhoria da formação inicial e continuada de professores da rede pública de ensino no município de Abaetetuba-PA e alunos da graduação, promovendo a interação das atividades de ensino, pesquisa e extensão. Cada etapa estará subdividida em fases, que serão: 1ª) Pesquisas e discussões das leis e políticas públicas que prestam assistência aos alunos surdos, levantamento de materiais didáticos e programas que foram desenvolvidos para este suporte, proporcionando formação teórico-prática para o ensino da matemática de maneira inclusiva; 2ª) Pesquisas nos órgãos de apoio à comunidade surda do município, tais como: Milton Melo, APAE, CRAS, ASABAE (Associação de surdos de Abaetetuba-PA) e GELIBRAS (Grupo de estudo de LIBRAS); 3ª) Elaborar questionários/entrevistas com alunos surdos, professores do AEE, interpretes e professores de Matemática do município, com o propósito de observar os desafios enfrentados no ensino da Matemática em sala de aula e como o uso de novas tecnologias de assistência estudantil vem sendo utilizadas; 4ª) Analisar as entrevistas realizadas, com o propósito de explorar os assuntos de Geometria em que os alunos surdos possuem maior dificuldade juntamente com a carência de novos meios de ensino com o uso de suporte tecnológicos assistenciais; 5ª) Elaboração e adaptação do material didático para ensino de Geometria a alunos surdos com o uso de programas que apresentam uma nova roupagem de ensino; 6ª) Promover palestras e/ou oficinas para docentes e alunos do curso de Matemática e das escolas de educação básica a fim de divulgar para a comunidade acadêmica e estudantil a confecção do material didático inclusivo.

Referências Bibliográficas:

Presidência da República. Casa Civil. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm Acesso em: 11 de fevereiro de 2022. 

BRANDÃO, F. Dicionário Ilustrativo de Libras/Flávia Brandão – São Paulo: Global, 2011. 

CAPOVILLA, F.C.; RAPHAEL, W.D. Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais Brasileira. São Paulo, SP: Edusp, Fapesp, Fundação Vitae, Feneis, Brasil Telecom, 2001b. 

GESSINGER, R. M.; LIMA, V. M. R.; BORGES, R. M. R. A Formação de Professores de Matemática na Perspectiva da Educação Inclusiva. In: X Encontro Nacional de Educação Matemática, Salvador, 2010. 

LACERDA, C. B. F.; L.F. Tenho um aluno surdo, e agora? Introdução à Libras e educação de surdos. São Paulo: EdUFSCar, 2013. 

MANRIQUE, Ana Lúcia; MOREIRA, Geraldo Eustáquio; MARANHÃO, Maria Cristina Souza de Albuquerque. Desafios da Educação Matemática Inclusiva: Formação de Professores. Volume I. São Paulo: Editora Livraria da Física, (2016a). 

MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2003. 

QUADROS, R.M. Educação de surdos: a aquisição da linguagem. Porto Alegre: Artmed, 1997.

Equipe Tecnica:

Coordenadora: Profa. Dra. Suellen Arruda

Bolsista: Richr da Silva Marques